Semana passada me perguntaram por que eu me denomino sapatão e
não lésbica, eu respondi rápido que achava que sapatão era mais impactante do
que lésbica e que me sentia mais sapatão do que lésbica mesmo. Fiquei com esse
questionamento depois por um tempo pensando quando eu comecei a me denominar
sapatão e quando eu larguei o lésbica. A verdade é que eu nunca me senti
empoderada com a palavra lésbica e acho que por pouquíssimo tempo usei pra
falar da minha sexualidade.
Antes de conseguir
assumir que eu gostava de mulheres eu me assumia como bissexual. Isso tem um
peso muito grande na minha vivência, por muitos anos eu me forcei a ter
relacionamentos com homens cisgêneros por achar que mulheres lésbicas não
poderiam ter finais felizes. Eu cheguei a essa conclusão por todos os seriados
e filmes lésbicos que eu assisti em que, no final, sempre acontecia alguma
coisa que uma das mulheres morria, ou então elas se separavam e seguiam
caminhos diferentes - isso quando uma delas não acabava se relacionando com um
homem cis por descobrir que “foi só uma fase” (sic).