sábado, 31 de janeiro de 2015

Sobre (meu) relacionamento à distância

 Eu a pedi em namoro quando estávamos bêbadas e ela recusou só pelo prazer de fazer o pedido. Eu aceitei óbvio e logo em seguida decidimos que deveríamos discutir sobre como seria nosso relacionamento: se seria monogâmico ou não. Já havíamos conversado previamente sobre isso e decidido que, caso namorássemos, seria aberto por conta da distância e principalmente porque nós concordávamos que monogamia é falida. Mas naquele momento tão perto dela eu não queria perdê-la ou dividi-la com outras pessoas.

     Parece fofa minha reação, algumas pessoas podem ter suspirado pensando ai que fofas, mantiveram um namoro monogâmico pra não perderem uma à outra, mas nós seguimos em frente com o plano de manter o namoro aberto e eu só tenho a agradecer por isso. Quando eu disse que tinha medo de perdê-la, ela me respondeu com mas você não vai me perder porque eu não sou sua. Apesar disso ter me magoado de primeira, eu percebi com o tempo que ela não é um objeto que um dia eu possa esquecer na casa de alguém, no metrô ou no ônibus pra perder.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Resistência Lésbica

    Eu estava rolando pela minha timeline quando surge a notícia com "Jovem é mantida em cárcere privado pelo pai ao contar que namora mulher". Isso me abalou tanto que eu tive que parar, sentar e respirar fundo pra não cair no choro. Eu imagino quantos casos desses não são abafados, quantas mulheres não têm a chance de sobreviver a esse tipo de violência e não consigo segurar mais o choro. Eu choro por mim, por toda agressão que já sofri e por toda que ainda posso sofrer. 

    Não quis escrever sobre lesbofobia por um tempo porque sei que esse assunto é difícil de falar. Não é difícil por não ter histórias, mas sim por ter histórias demais, por ter sofrimento e muita dor. Às vezes me pego chorando e pensando que independente do que faça nunca vou ser vista como um casal com outra mulher. Nunca vão me respeitar enquanto namorada, noiva, esposa de outra mulher. Vão deslegitimar e duvidar do meu relacionamento constantemente.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Bissexualidade e Luta, por Gabriela Ewerton

    Quando eu pedi para escrever para esse blog, eu não sabia muito bem o que eu queria compartilhar, mas sabia que eu precisava tentar falar sobre a minha experiência e vivência como uma mulher bissexual.

    Aceitar a minha orientação foi algo problemático, não porque eu não fui aceita dentro do meu círculo familiar ou dos meus círculos de amizades, mas porque eu mesma não acreditava que eu pudesse sentir atração por mais de um gênero, então como eu poderia me assumir e lutar pela aceitação das outras pessoas? Eu precisei desconstruir todo o discurso imposto que eu precisava escolher “um lado”, que eu só poderia ser hétero ou lésbica, não poderia existir outra coisa, eu não poderia ser “indecisa”.